quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O paradoxo da sagacidade

Achei esse artigo no blog do Robert Hoekman Jr., e achei relevante então resolvi traduzir.

"Enquanto as pessoas ficam mais sagazes na web ..."

Essa frase é muito jogada em discussões de desenvolvedores de web. E me faz torcer o nariz toda hora. Ela implica que uma cultura inteira é capaz de ficar mais esperta na web, simplesmente porque a internet tem existido por um tempo mais longo agora do que há um ano atrás.

Essa é a verdade. Usuários não ficam mais perspicazes a não ser que a tecnologia se simplifique.

O fato é que a maioria das pessoas não passa do nível intermediário de, bem, qualquer coisa. É muito raro que fiquemos experts em usar um certo aplicativo web, ou a web em geral. Mais e mais pessoas têm a capacidade de usar a internet (no mínimo) efetivamente agora porque web designers constantemente ficam melhores em fazer as coisas funcionarem bem, ao invés de dependerem que os usuários fiquem mais "sagazes".

Uma analogia mais concreta:

Ninguém quer ser um expert em fazer compras no mercado. Por causa disso nós não estamos ficando experts em comprar no mercado. Temos coisas melhores pra fazer - coisas melhores pra sermos experts.

Invés disso, mercados estão sofrendo redesigns de cabeça a pé pra tornarem as coisas mais fáceis. Placas são redesenhadas pra serem mais legíveis. Mercadoria é reorganizada pra ser mais fácil de ser encontrada. Disposição de gôndolas é mudada pra otimizar o fluxo de um produto para o outro. Tem muita ciência por trás do projeto de um mercado. Eles não ficam mais complexos por que nós ficamos mais espertos em comprar. Eles ficaram mais fáceis pra que as pessoas sejam encorajadas em comprar mais e ter uma melhor experiência.

Por alguma razão, quando se fala em web, muita gente costuma pensar que os usuários ficam mais astutos e podem então aguentar interações mais complicadas.

Indivíduos podem certamente se tornarem mais espertos, mas não importa que eles ficam mais espertos, mas como eles ficam mais espertos. Fazem isso aprendendo novos padrões e aplicando a sabedoria de uma experiência em outra. E designers permitem isso através de padrões de design, construindo sobre eles, fazendo possível que pessoas apliquem experiências anteriores sobre a próxima.

Se você quer usuários espertos, dê a eles algo que ajude a ficarem espertos.

Um comentário:

Fellipe Ribeiro disse...

Confuso, porém esclarece.
Quem é expert e quem não é? Acho que essa pode ser um dos assuntos a serem tratados sobre esse texto.
O cara que é expert, ou que vira um expert em algum assunto é exatamente o cara que irá a facilitar a vida de quem não é, ou q ue não quer ser.